Conhece a depressão Outonal?
“Estou com depressão.” “Detesto este tempo.” “Tudo me irrita!” “Não me apetece fazer nada…” São algumas das frases ou pensamentos que podem acompanhar a frustração de não perpetuar um período associado a férias e bem-estar.
Porque o nosso humor se altera com a mudança de estação?
As alterações de humor que acompanham a mudança de estação têm uma explicação simples. A luz e o calor têm um efeito estimulante, que convida a realizar mais atividades ao ar livre, a conviver mais. A chuva, o frio e os dias mais curtos propiciam a que se esteja menos horas ao ar livre para se resguardar da chuva, aquecer-se do frio, mexer-se menos e, nalguns casos, estar mais só.
Os fatores físicos e externos influenciam um conjunto de mudanças bioquímicas que contribuem para que o ânimo, a vontade, o interesse, oscilem durante o dia; se sinta um maior cansaço, vontade de dormir e se experimentem mais alterações de humor, que pode ser simplesmente tristeza ou uma depressão outonal, associada à mudança de estação.
A tristeza é uma reação normal que se segue a uma perda. Tem a função de assinalar o que é importante e, desta forma, é um convite a valorizar experiências de vida, pessoas, perseverar memórias e redirecionar ações, para cuidar mais e melhor do que se tem, ou valorizar mais pessoas cujas circunstâncias de vida afastaram. Podem ser familiares que regressam às suas vidas normais e desta forma a convivência é reduzida; filhos que regressam à escola, ou outras pessoas com quem o convívio é pontual.
Para ultrapassar as alterações de humor associadas às mudanças de estação, designadas como depressão outonal ou depressão sazonal, é recomendável desenvolver um estilo de vida saudável.
3 dicas para ultrapassar as alterações de humor associadas às mudanças de estação:
- Use e abuse da luz natural – esteja o maior tempo possível sob a luz natural quer ao ar livre, quer dentro de casa, mantendo janelas bem abertas de forma a que a luz entre;
- Faça uma alimentação saudável – siga uma dieta variada e saudável evitando alimentos processados e açúcares;
- Mexa-se e ocupe-se – ande diariamente 30 a 60 minutos (ou o que puder, desde que ande mais do que o seu habitual), preferencialmente em ambientes naturais. Para além disso procure incluir atividades no seu dia-a-dia que ajudem a ter que fazer, movimentar-se e ocupar os seus dias, incluindo pelo menos algo que lhe dê prazer todos os dias.
Já segue estas orientações, mas, para além de se sentir triste, existe um certo vazio, uma falta de esperança que não entende? Parece ter perdido o interesse ou prazer na maior parte das coisas que faz, acompanhados por uma perda de energia e fadiga que lhe retiram o prazer antes experimentado? Tudo isto lhe provoca um sofrimento que não entende? Para além disso, percebe que o seu trabalho está a ressentir-se com a sua dificuldade de concentração e a sua disposição já está a prejudicar as suas relações pessoais e familiares? Neste caso, pondere procurar ajuda especializada junto de um psicólogo ou um médico.
Se no seu caso não sofre de nenhum desses sinais, mas convive com alguém que os apresenta e não percebe o que pode fazer, apesar de não haver receitas, há algumas ações práticas que pode realizar para manifestar o seu apoio.
Como apoiar alguém que esteja a lidar com uma depressão sazonal?
- Esteja presente – procure estar presente sem impingir conselhos, receitas e sobretudo não diga “anima-te”. Quem está deprimido não está “desanimado por falta de vontade”, sente-se triste e desinteressado sem saber porquê. Muitas vezes sente-se menorizado, culpado por estar dessa forma e com um sentimento de isolamento e inadequação por falta de entendimento de si e com demais. Ouvir “anima-te” só irá reforçar todos esses sentimentos;
- Trate a depressão como outra doença qualquer e deixe-se de conselhos – a depressão é uma doença como outra qualquer. E, nesse sentido, quando os sinais acima identificados duram pelo menos duas semanas, convém procurar ajuda para que possa ser avaliada e realizada uma intervenção profissional. Não procure entender as causas porque muitas vezes não existem razões objetivas;
- Escute e fale com o coração, e esqueça a lógica – ao falar com o coração não irá procurar motivos razoáveis que expliquem a tristeza, o abatimento, o choro fácil… porque talvez não os encontre. Ao escutar com o coração saberá encontrar as palavras certas e oportunas ou apenas o silêncio. Por vezes o maior entendimento dá-se quando nada se diz e escutar o silêncio do outro pode ser a maior prova de amor ou amizade que possa dar. Por isso, deixe as palavras e descubra a criatividade e a linguagem do amor e concretize propiciando algo que possa distrair a atenção da outra pessoa, estar presente, facilitando uma leitura oportuna ou encaminhado para um profissional. Pois as palavras leva-as o vento e, afinal, quando as imagens são nítidas, não precisam de legendas…